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domingo, 19 de outubro de 2008

AUTO RETRATO



A produção de conceitos de alguém sobre si próprio pode parecer hoje um algo que sempre esteve presente, mas foi a partir do século XIX que começamos a nos reconhecer como indivíduos, como seres únicos. A invenção da intimidade foi um sucesso e com ela vieram os diários, o cultivo das pequenas coisas privadas e a reunião de símbolos que nos representassem. A fotografia, que dava seus primeiros passos, foi fundamental para que pudéssemos nos reconhecer fora de nós mesmos e, principalmente, descobríssemos que era possível forjar identidades – verdadeiras ou não – para o público.É provável que vivamos nos nossos dias uma revolução muito parecida. Quando as ditaduras se alastraram pelo globo, fossem comunistas, nazistas ou capitalistas, a massificação dos comportamentos, das roupas e até dos edifícios foi muito bem implantada tanto em prol dos benefícios da coletividade como dos benefícios do consumo. Hoje são poucas as pessoas que acham a coletividade o que há de mais atraente, o indivíduo voltou a ser seu próprio culto e, mais uma vez, a fotografia desempenha um papel definitivo.

A democratização das câmeras digitais é um dos maiores fenômenos da pós-modernidade. Tudo é fotografável já que não temos o inconveniente do preço dos filmes e das revelações, limitantes da quantidade de imagens que podíamos fazer. Hoje não temos mais esses detalhes com que nos preocuparmos, então tiramos retratos das nossas festas, das festas dos outros, da festa de desconhecidos, dos nascimentos, das aulas, da ida à padaria, das abelhas, da mesa do escritório...de tudo. Mas, principalmente, descobrimos o prazer de tirarmos fotos de nós mesmos acreditando na importância ímpar dos nossos cotidianos, das nossas intimidades, das pessoas, coisas ou animais que nos são queridos.

Os auto-retratos ou self-portraits tem uma função muito parecida com a que tinham as fotografias de estúdio há quase dois séculos atrás: editar o próprio corpo transformando-o em símbolo da classe social a que a pessoa pertenceria. Hoje, quando dispensamos fotógrafos em favor do timer das câmeras, podemos simbolizar só a nós mesmos. Isso pode dar a impressão de que vivemos um momento de esquizofrenia mas, percebendo a complexidade do processo, vê-se que não é assim; ao mesmo tempo em que queremos ser autênticos, queremos ter um referencial de grupo a que nos apegar, a onde pertencer – vejam que um auto-retrato nunca é tirado e guardado, queremos sempre publicá-los aqui ou ali, no Orkut, no My Space, no messenger... A internet é a convulsão desse fenômeno.

E é justamente em passeios pelos diversos sites de relacionamento da internet que podemos mergulhar nesse rico universo de auto-manipulações do corpo. Do que falam esses corpos? São livres ou controlados? Comunicativos ou silenciosos? O que significam e porque o uso de certos objetos, poses e roupas? Com perguntas desse tipo em mente, podemos descobrir muito sobre a nossa sociedade dita global e, por isso, muito sobre nós mesmos; seres inventados, nem dentro nem fora: seres, como pensou Foucault, na fronteira.

Fonte Obvious

ELOÁ MORREU EM UM SEQUESTRO QUE ABALOU O BRASIL !


Para entender um crime passional, precisamos entender antes, a paixão:

Paixão: do latim passione = sofrimento, sentimento excessivo; afeto violento; entusiasmo, cólera, grande mágoa; vício dominador; alucinação; sofrimento intenso e prolongado; parcialidade;o objeto de forte desejo ou de carinho profundo.

Paixão, palavra de origem Grega derivada de paschein, padecer uma determinada ação ou efeito de algum evento. É algo que acontece à pessoa independente de sua vontade ou mesmo contra ela. De paschein deriva pathos = patologia. Pathos designa tanto emoção como sofrimento e doença. As paixões, entendidas como emoções, mobilizam a pessoa impondo-se à sua vontade e à sua razão.

Então, não é aceitável a justificativa: "Matei por amor." Aliás esta frase foi dita à imprensa de forma dramática pelo paulista Raul Fernandes do Amaral Street, o Doca Street. Horas depois de um julgamento e sob aplausos, Doca caminhou sem culpa pelo chão de um tribunal de Cabo Frio (RJ), em 1979. Fora absolvido do assassinato da namorada Ângela Diniz, com três tiros no rosto e um na nuca. Dois anos depois, a promotoria recorreu e o slogan "quem ama não mata", repetido à exaustão por militantes feministas que acompanhavam o segundo julgamento, foi decisivo para a vitória contra a impunidade. Em decisão histórica, transmitida pela tevê, Doca foi para a cadeia. Desde então, os crimes passionais passaram a ser julgados com um olhar menos machista.

Durante 3 anos a procuradora de Justiça do Ministério Público de São Paulo Luiza Nagib Eluf fez um levantamento de 14 crimes passionais mais famosos do país e os reuniu no livro: Paixão no Banco dos Réus, lançado em 2002. "A paixão que denota o crime passional é crônica, obsessiva e nada tem a ver com amor", diz ela. "Pode ter havido amor em algum momento, mas o que mata é o ódio, o ciúme doentio, a possessividade, a sensação de poder em relação à vítima."

Fonte:http://www.terra.com.br/istoegente/148/reportagens/capa_paixao_condenada_02.htm

Segundo Benedito Raymundo Beraldo Júnior, "homicídio passional é o homicídio cometido por paixão, tanto pode vir do amor como do ódio, da ira e da própria mágoa. O sentimento, neste caso, move a conduta criminosa. O agente comete o fato por perder o controle sobre seus sentidos e sobre sua emoção, na maioria das vezes comete-o sob o argumento da legítima defesa da honra.É chamado de passional o crime cometido num momento em que um dos dois é rejeitado. Os sentimentos presentes são egocentrismo, egoísmo, egolatria. O sexo, principalmente da parte do homem, infelizmente tem a ver com o poder. O que deveria ser uma coisa prazerosa nem sempre é. Os homens sempre quiseram mandar nas mulheres, por isso se viram no direito de matar."

"Não é por amor mesmo. É paixão que se transforma em ódio. O que leva à morte é o ódio feroz porque a pessoa foi rejeitada. É uma série de sentimentos baixos, ruins, que levam ao assassinato. O ciúme é um sentimento que todo mundo conhece e sabe que provoca raiva, humilhação.

Em meio a esta combustão de sentimentos controversos a violência contra a mulher, praticada pelo seu companheiro, aumenta. O descontrole emocional, a perda da auto-estima, a imaturidade dos indivíduos em lidar com a sensação de derrota, quando se sentem abandonados, rejeitados, constitui lamentável realidade nos dias atuais. Homens traídos são qualificados de forma pejorativa, existindo enorme cobrança social, que é produto de uma sociedade patriarcal, machista.

Homens foram condicionados a não demonstrar sentimentos e a tratar questões relevantes de forma não pacífica. A rejeição ou contrariedade a todo legado cultural existente, em que o homem reinava como ser absoluto, não foi assimilado de forma integral pelas gerações que sucederam. O conflito se faz existir onde outrora só existia o homem, o macho, o varão como centro do universo.

O perfil do assassino passional

• Na maior parte das vezes nunca matou ninguém e sua conduta violenta é, principalmente, em relação a uma mulher específica. Dificilmente mata mais do que uma vez. O criminoso forma uma combinação explosiva com uma determinada parceira.

• A receita da tragédia: homem mais velho, inseguro, ciumento, possessivo, vaidoso e egoísta, relacionado-se com mulher mais jovem, que não reage, mas sabe manipular os sentimentos do cônjuge.

• Quando a mulher reage e decide pôr ponto final na relação, ele pede de volta objetos dados como presente. Incrédulo, pois se considera dono da mulher, tira a vida dela. Às vezes, não suporta a perda da amada e, depois do crime, comete suicídio.

* Fonte: procuradora Luiza Nagib Eluf e advogado Márcio Thomaz Bastos

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Culpa de quem??? Já li de tudo nestes dias: uns dizem que a culpa é das Eloá que rejeitou o amor do rapaz; há aqueles que dizem que o Lindemberg é um doente mental e não pode responder pelos seus atos, há ainda os que preferem simplesmente passar por cima de tudo e acreditar na providência divina … (mesmo ela tendo perdido massa encefálica, estar com a bala alojada na nuca e ter grande parte de seu cérebro já comprometida…viva talvez venha a ficar … mas a que preço e com que sequelas? Mas a realidade nua e crua é que Eloá se foi ...

Então neste momento penso nas outras meninas que estão por aí se enamorando de outros lindembergues. Meninas novas , com seus 12, 13 , 14 …15, 16… 18… anos… meninas que querem se tornar mulher antes da hora… que não vivem a sua adolescência como adolescentes. Adolescentes que se envolvem em relacionamentos "amorosos" , muitas vezes muito mais sexuais que sentimentais… dão tudo ao namorado… tudo em troca de prazer, de status, de falso poder… dão tudo e nunca pensam nas consequências. Vivem apenas o momento presente.

Outras eloas e outros lindembergues com certeza existem por aí… mas as nossas eloás não forma educadas pra ler nas entrelinhas dos gestos dos seus namorados as suas outras intenções… eloás e linbembergues são frutos de uma geração de pais que pregavam a liberdade total e inconsequente. Famílias que não conversam mais com seus filhos, mas que dão tudo: excesso de proteção ou liberdade, poucas responsabilidades, quase nenhum limite.


FONTE (No Compasso)